terça-feira, 15 de novembro de 2011

Homeopatia: a nanofarmacologia

Olá, queridos seguidores! Este é mais um post da série sobre o preparo de medicamentos homeopáticos. O tópico de hoje são as diluições seriais por que passam os remédios homeopáticos durante sua confecção. Para que vocês entendam melhor, optei por começar com uma breve analogia:
Um submarino para se comunicar com outros submarinos e navios deve utilizar frequências de rádio muito baixas, pois as frequências mais elevadas não podem penetrar na água. Da mesma forma, um medicamento para atuar no organismo humano (composto cerca de 75% por água) deve estar em doses muito baixas ou homeopáticas.
De fato, a maneira padrão de preparar remédios homeopáticos usa um processo de diluição serial. O preparo tem início com uma tintura-mãe padrão, a qual é uma mistura de concentração 1mol/L do medicamento. Isso significa que, a cada um litro de solução, tem-se aproximadamente 6,022 . 1023 moléculas do princípio ativo. Em seguida, a tintura-mãe padrão deve ser diluída serialmente de acordo com a escala decimal, centesimal ou cinquenta milesimal.
A escala centesimal é a mais utilizada, tendo sido proposta por Hahnemann em sua quinta edição do livro “Organon”. Essa escala se baseia no princípio de que, a cada diluição, deve-se ter uma solução de concentração 100 vezes menor. Para preparar um medicamento segundo essa escala, deve-se, portanto, diluir uma parte da tintura-mãe em 99 partes de uma mistura de água e álcool, agitando (sucussão) em seguida a solução por 10 vezes. A este processo de diluição em série e sucussão chama-se dinamização. Ele é usado para produzir potências cada vez maiores do remédio.
O líquido resultante é chamado de potência 1C, "1" referindo-se a sua primeira fase de diluição e o numeral romano "C", referindo-se à sua razão de diluição de 1:100. O processo pode ser repetido sucessivamente, de modo a obter misturas de concentração cada vez menor.

Dessa forma, partindo se uma tintura mãe padrão, uma solução 1C deve conter 6,022 . 1021 moléculas, ao passo que uma solução 12C contém 0,6 moléculas, ou mais estritamente uma probabilidade de 0,6 de que uma molécula esteja presente. Neste último caso, diz-se, então, que se atingiu o limite de Avogadro, pois, ao passar deste ponto de diluição, não há mais nenhuma molécula do princípio ativo na solução. Sendo assim, qualquer diluição além 12C (ou 24X) apenas dissolveria água em mais água.


            A escala decimal, por sua vez, foi introduzida pelo Dr. Constantine Hering e se baseia no princípio de que cada nova mistura deve conter um décimo do número de moléculas do princípio ativo presentes na solução de partida. Para designar essa escala, usam-se as letras “X” ou “D” precedidas pelo número que indica o número de diluições realizadas.

Potências decimais são fáceis de usar e podem ser dispensadas na forma de pílulas, comprimidos ou líquidos. Além disso, como os remédios preparados segundo essa escala são considerados de "baixa potência", eles podem ser repetidos com freqüência, sendo muitas vezes vendidos nas lojas sem necessidade de prescrição médica.
A escala cinquenta milesimal, por outro lado, é a terceira e última escala, desenvolvida um pouco antes da morte de Hahnemann. O processo pelo qual seus medicamentos são preparados é diferente e mais complexo do que o utilizado para as potências centesimal e decimal.
Nesta escala, a razão de diluição é de 1:50.000 e, para referir-se a ela, usa-se a letra "Q" acompanhada do número que indica quantas etapas de diluição foram realizadas. Um remédio 6Q, por exemplo, passou por seis etapas de dinamização, enquanto um 30Q foi potenciado trinta vezes. Diferentemente das escalas decimal e centesimal, nas quais os remédios também podem ser ministrados na forma de pílulas e comprimidos, os medicamentos preparados na escala cinquenta milesimal só podem ser dispensados na forma líquida.
Métodos químicos confirmam essas relações matemáticas e mostram que, de fato, os medicamentos homeopáticos contêm apenas vestígios do princípio ativo. Mas, se não há mais moléculas do princípio ativo presentes, como então os medicamentos podem funcionar?
Não é apenas a diluição que torna os remédios homeopáticos cada vez mais fortes. De acordo com o princípio homeopático da potencialização, os remédios podem reter atividade biológica se forem repetidamente diluídos e agitados entre uma diluição e outra. Isso, porque o processo de dinamização (no qual o remédio é agitado vigorosamente para transferir a essência do medicamento para a água) se destina a preservar e ampliar as propriedades curativas do remédio, ao passo que  a diluição apenas remove a toxicidade do medicamento. Isso explicaria, assim, porque as diluições produzem efeitos biológicos mesmo quando diluídas acima do limite de Avogadro, em que já não resta nenhuma molécula do princípio ativo original na solução final. Entretanto, permanece um mistério como a solução “lembra” informações sobre a substância original.
Além disso, pesquisas revelaram que a água em que os medicamentos homeopáticos são feitos emite mais calor, o que poderia contribuir para o efeito do medicamento. Um ex-professor de física no Instituto de Tecnologia da California descobriu que, uma vez que água bidestilada purificada é sequencialmente diluída e agitada com uma substância medicinal, é criado um cristal de gelo que não derrete à  temperatura ambiente e que mantém um campo elétrico ao redor. Ainda que tenha sido possível inclusive tirar fotos desses cristais no microscópio eletrônico, todavia é um mistério como esses cristais agem no organismo.
            De qualquer forma, partindo-se do princípio de que o prefixo “nano” refere-se ao estudo e uso de tecnologias hiperminiaturizadas, que carregam quantidades cada vez maiores de informação em chips cada vez menores, também seria apropriado se referir à homeopatia como uma nanofarmacologia.

Referências:
http://homeopathyplus.com.au/book/tutorial-4.html - acesso em 12/11/2011 às 00:10
http://www.ukskeptics.com/homeopathic-dilutions.php - acesso em 11/11/2011 às 19:27
http://nccam.nih.gov/health/homeopathy/ - acesso em 11/11/2011 às 19:37
Google imagens

Por: Bárbara Fernandes Maranhão

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