quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Efeito Nocebo

Olá, pessoal! Estou aqui hoje para falar para vocês sobre um assunto muito interessante e, na maioria das vezes, pouco comentado quando se fala de homeopatia. Esse post será uma continuação do assunto tratado no post sobre o efeito placebo, porém com uma abordagem oposta! Fiquem atentos, é um assunto bem importante! J
Como já foi citado no post sobre o efeito placebo, sabe-se que as expectativas de um paciente com relação à eficiência de seu tratamento têm efeitos significativos quanto ao resultado dos procedimentos realizados. Porém, até agora, nós só falamos sobre uma expectativa positiva que gera, portanto, efeitos positivos com relação ao tratamento empreendido.
Volto, portanto, a perguntar: não existiriam efeitos adversos, gerados, por exemplo, por uma expectativa ruim? Sim! E isso é exatamente o que chamamos de efeito nocebo.
Em uma perspectiva mais simplista, o efeito nocebo pode ser caracterizado como o efeito contrário ao efeito placebo. Em uma perspectiva mais aprofundada, pode-se definir o efeito nocebo como uma mudança negativa do quadro sintomatológico de um paciente devido a fatores aparentemente inertes do ponto de vista biológico como, por exemplo, o meio psicossocial ao qual ele está exposto, substâncias inertes do ponto de vista estrito (soro fisiológico, comprimidos inertes) e a própria crença pessoal, negativa no caso, no tratamento ao qual foi submetido.
É importante ressaltar que, assim como no efeito placebo, estudos atuais sobre o efeito nocebo têm revelado a existência de mecanismos neurobiológicos que resultam, portanto, nos reflexos fisiológicos percebidos.
Esquema de ação da sugestão nocebo
Benedetti, Amanzio, Vighetti e Asteggiano publicaram em novembro de 2006 um estudo que avaliou os mecanismos neurobiológicos envolvidos no efeito nocebo. Foi revelado nessa ocasião que uma sugestão negativa pode desencadear uma resposta fisiológica por intermédio de mecanismos neurológicos: a sugestão nocebo, tal qual denominado pelos autores, promove o desencadeamento de ansiedade no indivíduo; no estado de ansiedade, o organismo libera o peptídeo colecistoquinina (hormônio/neurotransmissor), que é um inibidor do sistema opióide endógeno de analgesia; inibindo-se o sistema opióide de analgesia, tem-se a manifestação da dor (figura acima).
Dessa forma, revela-se possível a manifestação de uma intercorrência física negativa originada de uma causa aparentemente inerte.
Bem, e qual a relevância desse fenômeno para a homeopatia?
Como já foi exposto diversas vezes aqui no blog, existem muitos preconceitos com relação à homeopatia por vários motivos, tais quais a marginalização dessa prática médica por parte dos próprios profissionais da área da saúde, o descrédito com o qual é divulgada pela mídia, o longo período de tempo necessário para sua efetividade em parte dos casos, a dificuldade de se comprovar sua veracidade bioquímica (sempre lembrando que há muitos estudos promissores nessa direção), dentre outras.
Esses fatores contribuem, portanto, muitas vezes para a formação de expectativas negativas nos pacientes que buscam o tratamento homeopático, o que pode gerar, como anteriormente explicado, o efeito nocebo, que afeta negativamente a eficiência da terapia empreendida. Isso demonstra, portanto, que, como qualquer outra terapia curativa, a homeopatia pode estar sujeita tanto ao efeito positivo de expectativas boas para o tratamento (efeito placebo) como ao efeito negativo de expectativas ruins para o tratamento realizado (efeito nocebo). Segundo Teixeira (2008), “é difícil estipular qual dos conjuntos é imperativo na resposta à terapêutica homeopática”.
Bem, é isso aí, galera! Espero que vocês estejam gostando do blog!
Até mais! J
Por Sabrina Brant Pereira de Jesus
Referências:
McRoberts J.W. Cholecystokinin and Pain Anesth Prog. 1986 Mar-Apr; 33(2): 87–90.
Benedetti F., Amanzio M., Vighetti S., Asteggiano G. The Biochemical and Neuroendocrine Bases of the Hyperalgesic Nocebo Effect The Journal of Neuroscience, November 15, 2006 • 26(46):12014 –12022

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