O Surgimento da Homeopatia

Agora que já fizemos uma análise dos primórdios da homeopatia, vamos abordar uma parte extremamente relevante do histórico dessa ciência. Falaremos sobre uma das pessoas mais importantes para a expansão e concretização da homeopatia como uma ciência: Samuel Hahnemann. Elucidaremos qual foi a influência desse autor no contexto de surgimento da medicina homeopática e quais foram as consequências de seus trabalhos.

A medicina homeopática é um tipo de prática médica alternativa que possui princípios e características singulares. Essa ciência surgiu no ano de 1796 com o jovem médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843), a partir de uma série de experimentos práticos e de observações.

Hahnemann estudou medicina, formando-se em 1779, e passou a atuar na profissão desde então. Em 1790, todavia, ele abandonou a carreira de médico, devido ao fato de achar a medicina de seu tempo precária em decorrência das práticas rústicas realizadas naquela época (purgações e sangrias). Após abandonar a medicina, ele passou a se sustentar financeiramente da tradução de livros.

Nesse período, Hahnemann traduziu o livro ”Matéria Médica“ do escocês Cullen (1710-1790) e fez uma observação muito relevante que deu origem a um dos princípios primordiais da medicina homeopática. Hahnemann discordou de um dos argumentos de Cullen quanto à ação da quinina extraída da casca da quina. Cullen atribuía o efeito da quinina de cura de febres intermitentes ao seu caráter amargo e adstringente (constipantes). Hahnemann propôs uma explicação diferente em decorrência de observações feitas em si mesmo após o uso da substância: para ele, a quinina tinha propriedades curativas devido ao fato de que, quando ministrada em indivíduos sãos, promovia os mesmos efeitos que são os sintomas da febre intermitente. Ou seja, havia uma semelhança entre os efeitos do fármaco e os sintomas da enfermidade tratada e é essa propriedade que garante a eficiência dos fármacos para a cura das doenças, segundo Hahnemann.

A partir desses acontecimentos, em 1796, Hahnemann criou a medicina homeopática com base no seu primeiro princípio, o princípio da similitude, que deu origem inclusive ao nome dessa medicina alternativa: “Homois” (semelhante) e “Pathos” (aquilo de que se sofre).

O princípio da similitude da medicina homeopática defende a ministração de substâncias que gerem  efeitos similares aos sintomas da doença como um remédio para a própria enfermidade. Consequentemente, após a ministração da medicação, haverá uma piora do paciente seguida de sua melhora.

A partir dessa observação, Hahnemann notou que se deve ter um cuidado especial com as doses que são proferidas para cada paciente, de maneira a elas não serem letais (criar uma queda muito acentuada do bem estar do paciente). Com base nisso, ele criou mais um princípio da homeopatia, o princípio das doses mínimas: deve-se garantir que pequenas doses dos fármacos (denominadas imateriais na época e doses infinitesimais hoje) sejam ministradas de maneira a reduzir seus efeitos colaterais e evitar uma intoxicação do paciente.

Para cumprir esse princípio, Hahnemann defende o uso de substâncias diluídas. Estas substâncias são preparadas por meio de uma técnica singular de diluição dinâmica (dinamização das substâncias): diluição seguida de agitação para o aumento da eficiência das doses infinitesimais. É válido ressaltar, no entanto, que até hoje não existe uma explicação científica para esse fenômeno.

Após o estabelecimento desses princípios da homeopatia, Hahnemann escreveu um livro que reuniu todos os conceitos e todas as características básicas da medicina homeopática: Organon da Arte de Curar, publicado em 1810. A partir desse momento, iniciou-se o processo de difusão da prática homeopática por todo o mundo. Hahnemann passou a dar aulas em uma universidade na Alemanha e, com a ajuda de seus alunos conseguiu prosseguir com a realização de experimentos para aumentar o embasamento teórico da medicina homeopática. Diversos livros foram publicados, nesse período, e a homeopatia foi divulgada por todo o mundo, sendo hoje um recurso importante para diversos profissionais da saúde.

Espero que vocês tenham gostado! No próximo post iremos abordar um tema muito interessante: os princípios da medicina homeopática. Continuem acompanhando as postagens do grupo! Até mais! J

Por Sabrina Brant Pereira de Jesus

Referências:

http://www.similia.com.br/organon/downloads/Historia%20e%20Principios%20homeop.pdf

Origens Remotas da Homeopatia

Bom, como prometido, vamos começar a falar das origens da medicina homeopática. Trataremos nesse primeiro post de um histórico mais longíquo, resgatando aspectos bem relevantes para o desenvolvimento da homeopatia e de seus princípios. Espero que vocês gostem! :)

As medicinas homeopática e alopática têm seus primórdios com o grego Hipócrates, considerado o pai da medicina. Hipócrates inovou as práticas médicas nos anos 400 a.C. ao revelar como essencial para se alcançar um diagnóstico correto a avalição metódica e sistemática da sintomatologia dos pacientes.

Nesse período, ele propôs que o tratamento de um enfermo deveria ser dividido em três partes:

·           Natura medicatrix: o médico deve tratar o paciente de forma a imitar a natureza, pois, dessa forma, reestabelecer-se-á o perfeito estado de equilíbrio do enfermo.

·           Contraria Contrariis (a lei dos contrários): o médico deve ministrar remédios que causem efeitos contrários aos sintomas do paciente.

·           Similia Similibus (a lei dos semelhantes): o médico deve ministrar remédios que causem efeitos semelhantes aos sintomas do paciente.      

A partir desses preceitos de Hipócrates para a prática da medicina, duas correntes de pensamento surgiram, defendendo, cada uma, teorias diferentes sobre as melhores estratégias de produção de fármacos: a doutrina de Galeno e a doutrina de Paracelso.

A doutrina de Galeno pregava o uso de remédios que resultassem em efeitos opostos aos sintomas do próprio paciente, a fim de neutralizá-los. Galeno realizou também a divisão das doenças em quatro categorias diferentes: quente, fria, úmida e seca. Essa classificação facilitava a escolha adequada do fármaco pela oposição dos sintomas da doença e dos efeitos do remédio. Por exemplo, para uma doença classificada como quente, recomendava-se um tratamento dito frio.

É válido ressaltar que a doutrina de Galeno tinha uma visão mecanicista e simplista do corpo humano. Visava-se a um tratamento específico para um determinado sintoma, a fim de atenuá-lo, sem se preocupar com as suas causas nem com as suas origens primordiais.

A doutrina de Paracelso, por outro lado, foi pautada no princípio da semelhança, ou seja, na ideia de que se deve tratar uma doença com remédios que gerem efeitos similares aos próprios sintomas do doente, ministrados em dosagens pequenas, de forma a evitar a intoxicação do paciente.

Diferentemente da visão restrita do corpo humano da doutrina de Galeno, Paracelso, a partir de suas ideias, propôs uma medicina baseada em uma visão holística do paciente, prevendo o tratamento não só do sintoma atual, mas também dos sintomas passados, de forma a buscar a origem primordial das doenças. É válido lembrar que em uma visão holística se considera o enfermo em sua totalidade, avaliando todos os seus sintomas presentes e passados e realizando uma análise semiológica completa e abrangente, analisando-se inclusive o ambiente de convivência diária do paciente, evidenciando uma característica humanística da doutrina da Paracelso.

Os princípios da doutrina de Paracelso coincidem com a medicina homeopática, criada mais tarde pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843). Em contrapartida, a doutrina de Galeno tem os mesmos princípios da medicina alopática (nome criado por Hahnemnn para qualquer atividade médica não homeopática), amplamente utilizada e difundida.

É isso aí, galera! No próximo post continuaremos falando sobre o histórico da medicina homeopática! Até mais!
Por Sabrina Brant Pereira de Jesus

Referências:

Coelho, H.A.F., Trabalho: A Diferença Medicina Convencional /Medicina Natural. São Paulo, 2008. Retirado em 6 de outubro de 2011 de http://www.homeopatias.com/?m=artigos&artigo=13

Corrêa A.D., Siqueira-Batista R., Quintas L.E.M.. Similia Similibus Curentur: notação histórica da medicina homeopática. Rev. Assoc. Med. Bras.  [serial on the Internet]. 1997  Dec [cited  2011  Oct  10] ;  43(4): 347-351. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301997000400013&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42301997000400013.

Pré-Projeto

E aí, pessoal? Vamos começar o trabalho! Estamos postando agora o nosso pré-projeto. Dessa maneira, vocês poderão ter uma ideia de quais assuntos serão tratados pelo grupo e de como os abordaremos!

      A Homeopatia é uma ciência médica desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann no final do século XVIII. Ela foi criada com base no princípio Similia Similibus (“a cura pelo semelhante”), segundo o qual “o que pode causar uma doença, pode também curar uma enfermidade semelhante”. A Homeopatia pretende tratar a pessoa dentro de sua globalidade (física, mental e emocional), partindo, portanto, de uma análise holística do ser humano, por meio da utilização de remédios destinados a aumentar as capacidades curativas naturais que o organismo possui e não apenas tratar os sintomas.

            Na concepção homeopática, a doença é encarada como um desequilíbrio interno que deve ser tratado com remédios altamente diluídos e  específicos para cada caso. Esses remédios são recomendados  com base no princípio primordial da medicina homeopática que foi anteriormente citado: o princípio da cura pelo semelhante. Esses remédios são capazes, portanto, de produzir numa pessoa sã os mesmos sintomas da doença em questão. Nesse sentido, quanto mais os efeitos de uma substância se aproximam dos sintomas do paciente, mais eficaz tende a ser o tratamento.

            Apesar de sua existência secular, a homeopatia ainda tem vários aspectos a serem esclarecidos. Dentre eles, o grupo pretende abordar os seguintes tópicos:

-       a eficácia dos medicamentos homeopáticos;

-       as possibilidades de uso da homeopatia, ou seja, seu alcance;

-       as bases gerais da profissão de homeopata.    

A partir disso, o grupo pretende expor ao público informações importantes sobre a homeopatia que possam esclarecer parte do senso comum, muitas vezes impreciso, que existe em relação à essa ciência.

            O grupo realizará um revisão conceitual sobre algumas das técnicas de preparo dos medicamentos homeopáticos como a CH (Centesimal Hahnemanniana), deixando-se claro o papel da diluição na potência final da medicação, e a FC (Fluxo Contínuo). Tendo-as como ponto de partida, será, então, possível explicar porque os medicamentos homeopáticos atuam profundamente e são de longa duração, além de terem menos efeitos colaterais que os da medicina convencional, podendo inclusive ser ministrados a mulheres grávidas, recém-nascidos e idosos.

            O grupo irá comparar o mecanismo de atuação no organismo de medicamentos homeopáticos com os da medicina convencional. Com isso, pretender-se-á elucidar questões sobre em que circunstâncias é mais recomendável o uso de remédios homeopáticos e quais diferenças devem ser observadas na potência dessas medicações.

Por fim, analisar-se-á o fato de os medicamentos homeopáticos manipulados serem altamente específicos para cada paciente, ressaltando-se, portanto, a importância de o enfermo explicar ao médico quais os sintomas apresentados para que o medicamento confeccionado seja o mais eficaz possível.

            Com base nessa perspectiva, o grupo pretende abordar o tema da homeopatia em seus múltiplos aspectos, desde uma análise de seu desenvolvimento histórico, até as leis que regram seu uso. Por se tratar, de um tema polêmico, sobretudo na área médica, o grupo percebe a importância de abordá-lo de maneira clara e objetiva, com o intuito de esclarecê-lo para a população em geral, expondo seus prós e seus contras. Desse modo, crê-se que o tema da Homeopatia será abordado de maneira satisfatória e completa.

Agora que vocês já têm uma visão geral de como o blog será construído, vamos começar a postar informações específicas sobre cada tema que será abordado. Na próxima postagem, traremos uma perspectiva histórica da homeopatia! Até mais! :)

Apresentação do grupo!

Bem-vindos ao Blog de Homeopatia! Esse é um trabalho da Disciplina Bioquímica e Biofísica da Universidade de Brasília (UnB), ministrada pelo professor Marcelo Hermes Lima, que tem como objetivo ser um meio de divulgação de informações sobre a medicina homeopática. Nosso grupo é composto por cinco integrantes, todos alunos de medicina da UnB:

·                Ana Angélica Amorim

·                Bárbara Maranhão

·                Pedro Augusto Carvalho

·                Sabrina Brant Pereira de Jesus

·                Vinícius Santos

Ao longo desse semestre, apresentaremos informações relativas à medicina homeopática. Relataremos seu surgimento e seu histórico, técnicas de preparo e manipulação dos medicamentos homeopáticos, informações sobre o exercício dessa especialidade (médico, farmacêutico, outros), sua efetividade, suas ocasiões de uso, suas vantagens e desvantagens, dentre outros tópicos. Postaremos a seguir o pré-projeto do grupo, que apresentará de maneira mais detalhada o objetivo desse trabalho, a maneira como o grupo irá trabalhá-lo e os principais temas que serão comentados.

Nós esperamos que vocês aproveitem ao máximo essa oportunidade de conhecer a medicina homeopática e que apreciem nosso trabalho! J