segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mecanismos de Ação: Remédios Homeopáticos

Oi, galerinha! Este é oficialmente meu último post... Depois de postar sobre os vários métodos de preparo de medicamentos homeopáticos, vocês devem estar curiosos sobre os mecanismos de ação desses remédios no organismo humano. O objetivo do post de hoje é, portanto, mostrar a vocês o que há de mais novo sobre o assunto no meio científico. Espero que vocês consigam correlacionar o que será apresentado hoje com o que foi abordado nos posts anteriores.
Os medicamentos, alopáticos ou homeopáticos, capazes de formar um dipolo em meio aquoso tem sua ação terapêutica calcada na interação com um receptor celular. Essas interações podem ser mais ou menos específicas e envolvem ligações químicas entre as moléculas da droga e o receptor, o qual apresenta forma complementar à do medicamento que interage com ele. O resultado é a formação de um complexo droga-receptor, o que gera uma resposta, agonista ou antagonista, passível de ser medida.
Uma substância química tem ação agonista quando a sua ligação ao receptor leva à ativação deste. Como conseqüência dessa ativação, em geral, a célula é estimulada a desempenhar uma determinada função. A Acetilcolina, por exemplo, tem uma ação agonista, porque, ao ativar os receptores Nicotínicos presentes nas fibras musculares, faz com que estas se contraiam, permitindo a locomoção. A ativação de alguns receptores (tais como os  "receptores opióides encontrados nos neurônios de algumas zonas do cérebro, medula espinal e nos sistemas neuronais do intestino" - trecho retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Opi%C3%A1ceo) por opióides endógenos (como os neurotransmissores endorfinas e encefalinas) ou por fármacos opióides também pode ser considerada agonista, sendo importante na regulação normal da sensação da dor pelo organismo.
Os antagonistas, por outro lado, são substâncias químicas cuja ligação ao receptor não o ativa, mas impede que o agonista se ligue. Muitos anestésicos utilizados nas cirurgias, por exemplo, possuem antagonistas de receptores nicotínicos. A ligação do antagonista a tais receptores impede que a Acetilcolina se ligue a eles, o que inviabiliza a contração muscular, deixando a pessoa imóvel durante a cirurgia.


O mais curioso em relação a isso tudo é que, em 1870, Hugo Schulz e Rudolf Arndt descobriram que a diluição sucessiva de uma solução de composição constante faz com que a mistura apresente propriedades físicas diferentes e detectáveis. Esse princípio, conhecido como lei de Arndt-Shulz, vai ainda além, postulando que uma substância diluída pode excitar uma atividade fisiológica (efeito agonista), retardá-la (efeito antagonista) ou interrompê-la (zero farmacológico). Em outras palavras, uma mesma substância ora dispara o seu receptor como agonista, ora como antagonista e em alguns momentos, quando não há qualquer resposta farmacológica, diz-se tratar-se de um zero farmacológico.
Essa alternação entre os efeitos agonista, antagonista e zero farmacológico das diluições preparadas a partir de uma mesma solução forma uma senóide, na qual se verifica a presença de vários zeros farmacológicos mesmo em altíssimas diluições.  Esta senóide foi confirmada por um estudo, feito no Brasil, em relação ao efeito hidratante do Cloreto de Sódio quando em diferentes diluições. Como resultado desse estudo, constatou-se a ocorrência de zero farmacológico (ausência de qualquer efeito hidratante ou desidratante) para as diluições 3 C e 17C.  As diluições entre 4 e 17 C apresentaram um efeito hidratante, ao passo que as diluições entre 17 C e 19 C tiveram efeito desidratante. Se a pesquisa tivesse continuado e diluições mais altas tivessem sido estudadas, certamente novos dados seriam acrescidos aos já obtidos e seria possível desenhar uma senóide mais extensa.
Esses estudos reforçam, assim, a ideia de que determinadas potências têm uma ação máxima, enquanto outras, uma atividade farmacológica mínima, além de ir ao encontro do relato de alguns homeopatas de “potências que não funcionam”.           Recentemente foi proposta também a ideia de que "moléculas com capacidade simultânea de doar e receber prótons e que fazem ligações de hidrogênio formam estruturas semelhantes a 'gaiolas' ou 'estruturas fechadas com cavidades centrais', chamadas de clusters. A água líquida, por exemplo, pode ser considerada uma mistura de clusters de vários tamanhos, a depender da temperatura do sistema" (trecho retirado de, com adaptações: http://biq.iqm.unicamp.br/arquivos/teses/vtls000318501.pdf).

Isso explica, por exemplo, "as mudanças de comportamento da água quando da adição de solutos em diluições extremas: inicialmente, as moléculas de solvente formam aglomerados ao redor da molécula de soluto, os quais devem manter-se à medida que a solução é diluída. Diante disso, é a formação desses aglomerados (clusters) de água a responsável por as características de a solução serem diferentes das do solvente puro, mesmo quando a quantidade do soluto no solvente ultrapassa a constante de Avogadro" (trecho retirado de, com adaptações: http://biq.iqm.unicamp.br/arquivos/teses/vtls000318501.pdf). Sendo assim, a ação terapêutica da potência preparada é baseada não na interação das moléculas do princípio ativo com receptores celulares, mas sim no contato do cluster com tais receptores.

Referências Bibliográficas:
http://en.wikipedia.org/wiki/Agonist - acesso em 04/12/2011 às 23:42
http://doutormadrid.blogs.sapo.pt/12086.html - acesso em 04/12/2011 às 22:38
vsites.unb.br/ib/cfs/beth/principios.doc - acesso em 05/12/2011 às 00:25

Por: Bárbara Fernandes Maranhão

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